A democracia do (nosso) contrassenso
Governo do povo é uma das descrições mais comuns para “democracia”. Se você concordar que o poder não anda tão popular assim, qual será o problema? Seria inadequado o nosso modelo democrático? Ou estamos avalizando a corrupção e o desmando? Apostar nessas duas idéias não parece incoerente, visto que a sociedade escolhe quem dita as regras e quem deveria cumpri-las. O fato é que votamos com esperança.
Esperamos de quatro a oito anos para ver os resultados como se não pudéssemos influenciar nas decisões de nossos representantes agora, enquanto tudo acontece. Entregamos o regimento do país aos políticos por determinado período, como quem põe uma casa na imobiliária e se preocupa apenas em receber o aluguel. O contra-senso é que pagamos não só o aluguel como os “corretores” e tudo o mais!
De maneira geral ignoramos as atividades de quem dá as cartas do jogo político com o nosso aval. Assim os políticos vivem em confortável condição de trabalho, longe da supervisão de seus “patrões”. Bem diferente de nós… “patrões”. Quem manda afinal? Agimos como se o único direito que temos fosse o de escolher quem comandará a senzala após o próximo pleito.
Que tipo de democracia fala em reintegração de posse da Câmara Legislativa do Distrito Federal contra cidadãos que manifestam – dentro da democracia materializada – seu repúdio a um corrupto José Roberto Arruda (DEM)? A minha resposta seria: A mesma dos manifestantes que não tem apoio presencial dos demais estudantes, de donas de casa, aposentados. De gente, como nós, que perdeu a oportunidade de promover a maior excursão brasileira à Brasília, financiados por sindicatos, clubes de serviço, empresários, enfim de todos esses “nós” beneficiários da decência política que poderíamos ter evocado em cada um desses escândalos tão nossos!
Mas não, nós ficamos em casa e tomamos conhecimento desses fatos nos telejornais que assistimos logo após os instrutivos programas televisivos que vemos de domingo a domingo. Lógico que esse “nós” não somos todos, mas dá no mínimo 50% mais um; ou seja, democraticamente explicado.
Carlos Eduardo Kadu
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